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“Os escritórios têm que entregar o que as casas não entregam”, diz especialista Tiago Alves

Do surgimento da indústria 1.0 em 1784 à produção em escala, passando pela automação, pelos sistemas cibernéticos até chegar à sociedade 5.0, na qual deve imperar o trabalho híbrido. A linha do tempo foi esmiuçada pelo economista  e CEO da Regus & Spaces do Brasil, Tiago Alves,  especialista em coworking, para apresentar a presidentes e corregedores dos Tribunais Regionais do Trabalho de todo o país, uma  nova realidade do mundo do trabalho corporativo: os chamados escritórios do futuro ou escritórios flexíveis.

Autor do livro ” Nem Home Nem Office – o futuro do trabalho é híbrido”, Tiago Alves participou nesta terça-feira, 21/6, da 5ª Reunião Ordinária do Coleprecor, que ocorre na sede do TRT da 4ª Região em Porto Alegre.  Para Alves, a pandemia acelerou as tendências com a necessidade da adoção do teletrabalho. “Pela primeira vez o mundo todo teve a mesma experiência laboral. A covid nos trouxe um grande ensinamento de que sentar em frente a um computador oito horas por dia não define o trabalho”, asseverou. 

A partir da análise das relações de trabalho no período pandêmico, o palestrante instigou alguns questionamentos sobre os impactos do teletrabalho na vida das pessoas, sobretudo com relação à saúde mental, à estrutura doméstica para o exercício laboral, à jornada tripla, entre outros itens, citando pesquisa recente da PwC e Instituto Locomotiva que apontou ainda a existência de um abismo digital no Brasil, no qual apenas 20% da população tem acesso à internet de qualidade, apesar de ser líder em quantidade de smartphones.

Por outro lado, Tiago Alves atentou para um fenômeno em voga atualmente no mundo do trabalho corporativo. Pessoas que se beneficiaram do teletrabalho e não querem abrir mão da qualidade de vida com a retomada ao modelo antigo estão pedindo demissão. “A taxa entre os millennials (trabalhadores de 25 a 34 anos) e a geração Z (trabalhadores de 18 a 24 anos) nos Estados Unidos varia de 50 a 80%. A alternativa ao trabalho presencial se tornou o principal motivo para reter talentos’, ressaltou.

Alves listou os benefícios do trabalho híbrido que vão além da retenção de talentos como, por exemplo, melhoria da saúde mental, ganhos para o meio ambiente, aumento da produtividade, redução de custos e inclusão social.  São componentes dessa nova modalidade de trabalho a flexibilidade de horário, de jornada, de localização e de remuneração, tendo como ponto crucial a gestão por performance. O palestrante comparou a forma como a sociedade foi ensinada a medir o sucesso, baseado na relação cargo e salário, com essa nova proposta em que são levadas em consideração as variáveis: saúde física e mental, tempo livre, renda, impacto e simplesmente ‘gostar do que faz’.

De acordo com Tiago Alves, o trabalho híbrido reinventou o uso do escritório criando várias categorias e tendências, entre elas, a digital first (priorização de serviços digitais), anywhere office (escritório em qualquer lugar), workations (trabalho em viagem de férias), gig workers (plataformas digitais), cloud workers (trabalhadores nas nuvens) ghost workers (trabalho sob demanda, geralmente sem vínculo) e metaverso corporativo.  “Os escritórios do futuro têm que entregar o que as casas não entregam. Precisam trazer regras e garantir segurança física e digital, alta conectividade e conexão entre as pessoas. Para funcionar bem são necessários ainda liderança, gerenciamento, infraestrutura e tecnologia”, concluiu. Também assistiram à palestra diretores gerais e secretários de Tecnologia da Informação e Telecomunicações.