Palestra aponta fatores de risco e estratégias para promover bem-estar e prevenir adoecimentos no ambiente organizacional.
As doenças mentais relacionadas ao trabalho e as ocorrências de burnout foram tema de palestra na tarde de terça-feira (21/10) na 8ª Reunião do Colégio de Presidentes(as) e Corregedores(as) dos Tribunais Regionais do Trabalho (Coleprecor). Para abordar o assunto, esteve presente o médico do Trabalho e advogado Marcos Mendanha. O evento ocorre na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região (Mato Grosso), em Cuiabá, até esta quarta-feira (22/10), com debates, apresentações de ações dos tribunais e reflexões sobre temas relevantes para o aprimoramento da Justiça do Trabalho.

Ao falar sobre burnout, o médico frisou, inicialmente, que existem diversas definições sobre o assunto, sendo que cada uma delas abre perspectivas diferentes de abordagem. Ele esclareceu que sua perspectiva seria baseada na definição da Organização Mundial de Saúde, expressa na Classificação Internacional de Doenças (Cid-11).
Segundo essa definição, como explicou o palestrante, o esgotamento denominado burnout é uma síndrome cuja principal característica é o estresse crônico relacionado a um ambiente de trabalho mal manejado. “A OMS não considera o burnout como doença, mas a legislação brasileira sim”, apontou.
O nexo com o trabalho nesse caso, conforme Mendanha, é obrigatório, ou seja, legalmente não existe burnout se o esgotamento não estiver ligado ao trabalho, pelo menos na perspectiva da OMS.
O enquadramento, segundo ele, é realizado por meio da exclusão de outros conceitos e características, sendo que três dimensões estão sempre presentes nas ocorrências de burnout: a sensação de esgotamento e exaustão, o distanciamento em relação ao trabalho e o sentimento de ineficiência. “O burnout e a fadiga são muito parecidos em termos de sintomas. Todo burnout é uma fadiga, mas uma fadiga só será burnout se estiver relacionada ao trabalho”, alertou.
Em termos de prevenção, o professor elencou alguns pontos de discordância entre trabalhadores e empregadores que, caso sejam resolvidos, poderiam eliminar a ocorrência de burnout: sobrecarga de trabalho, falta de autonomia, recompensas insuficientes, perda do sentimento de comunidade, ausência de justiça nos ambientes de trabalho e conflito de valores entre convicções pessoais e atividades desenvolvidas.
Mendanha ainda alertou que o cuidado com as doenças de natureza mental não beneficiam apenas os trabalhadores, porque se refletem em maior eficiência, reduz a quantidade de faltas e aumenta a produtividade. “Se querem o cumprimento de metas, é necessário a promoção de ambientes de trabalho livres de fontes de gatilho para doenças e transtornos mentais”, defendeu.
No final da sua abordagem, o professor também falou sobre o combate ao suicídio. Segundo ele, o principal ponto de prevenção das ocorrências de suicídio é a formação de vínculos, sejam eles nos ambientes de trabalho ou religiosos, em âmbito familiar, com amigos ou parentes. “Quanto mais vínculos saudáveis conseguirmos formar, mais protegidos estaremos em relação a esse fenômeno social”.




